UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Faculdade de Educação
Trabalho da disciplina História da Educação
Por:
Anisia
Sampaio do Nascimento
Trabalho apresentado à professora Alexandra Lima da Silva
Universidade do Estado
do Rio de Janeiro
2012/01
Faculdade de Educação
Disciplina: História da Educação
Professora: Alexandra Lima da Silva
Aluna: Anisia Sampaio do Nascimento
A Maquinaria Escolar
Imagem do vídeo – A
Maquinaria Escolar
As condições sociais e históricas
que estabeleceram a escola como instituição universal e eterna, a análise de
instâncias que favoreceram e legitimaram a escola nacional, a definição de um
estatuto da infância, a destruição de outras formas de socialização, a
imposição da obrigatoriedade escolar e o controle social são assuntos abordados
no texto A Maquinaria Escolar de Julia Varela e Fernando Alvarez-Uria.
Imagem do vídeo Escola
X Fábrica
Fichamento do texto A
Maquinaria Escolar de Julia Varela e Fernando Alvarez-Uria
In:
Teoria e
Educação, n.6 p. 68-96, Porto Alegre, 1992
“A universalidade e a pretendida eternidade da
Escola são pouco mais do que uma ilusão. Os poderosos buscam em épocas remotas
e em civilizações pres-tigiosas - especialmente na Grécia e na Roma clássicas -
a origem das
novas instituições que constituem os pilares de sua posição socialmente
hegemônica.
...Os escassos estudos que procuram analisar quais
são as funções sociais cumpridas pelas
instituições escolares são ainda praticamente irrelevantes frente a história da
educação e a todo um enxame de tratados pedagógicos que contribuem para
alimentar a rentável ficção da condição natural da escola”. (P. 68,1º
parágrafo)
“Aqui se procurará mostrar que a escola primária,
enquanto forma de socialização privilegiada e lugar de passagem obrigatório
para as crianças das classes populares, é uma instituição recente cujas bases administrativas
e legislativas contam com pouco mais do que um século de existência. De fato, a
escola pública, gratuita e obrigatória foi instituída por Romanones em
princípios do século XX convertendo os professores em funcionários do estado e
adotando medidas concretas para tomar efetiva a aplicação da regulamentação que
proibia o trabalho infantil antes dos dez anos. A escola nem sempre existiu,
daí a necessidade de determinar suas condições históricas de existência no
interior de nossa formação social.” (P.68,
2º parágrafo)
“Que caracteriza fundamentalmente esta
instituição que ocupa o tempo e pretende imobilizar no espaço todas as crianças
compreendidas entre seis e dezesseis anos? Na realidade, esta maquinaria de
governo da infância não apareceu de súbito, mas, ao invés disso, reuniu e
instrumentalizou uma série de dispositivos que emergiram e se configuraram a
partir do século XVI. ... (P. 69 – 1ª parte do 1º parágrafo)
“Limitar-nos-emos pois simplesmente a esboçar as
condições sociais de aparecimento de uma série de instâncias no nosso entender
fundamentais que, ao se amalgamar em princípios desse século, permitiram o
aparecimento da chamada escola nacional:
1- A definição de um estatuto de infância
2- A emergência de um espaço específico destinado
à educação das crianças
3- O aparecimento de um corpo de especialistas da
infância dotados de tecnologias específicas e de “elaborados” códigos teóricos
4- A destruição de outros modos de educação
5- A institucionalização propriamente dita da
escola: a imposição da obrigatoriedade escolar decretada pelos poderes públicos
e sancionada pelas leis”. (P. 69 – 2º parágrafo)
“Os reformadores católicos, sobretudo a partir do
cisma, ao mesmo tempo que utilizam todos os meios a seu alcance para ocupar
postos de influência ao lado dos monarcas (fazendo valer seus saberes na corte,
erigindo-se em conselheiros e confessores reais), porão especial empenho em
constituir-se como preceptores e mestres de príncipes e ainda mais, é claro, se
são príncipes herdeiros. Procurarão igualmente educar os novos delfins das
classes distinguidas em colégios e instituições fundadas para eles (destacam-se
neste sentido os jesuítas que constituem a primeira legião)...”. (P. 70 –
último parágrafo)
“Erasmo, Vives, Rabelais, Lutero, Calvino,
Melanchthon, Zwinglio entre os protestantes-definirão em seus escritos a
infância dotando-a de algumas propriedades nada alheias aos interesses de seu
apostolado, propriedades que, por outro lado, pesarão enormemente em
posteriores redefinições da mesma. .... Os diferentes autores divergem
notavelmente não só a respeito dos períodos que denominam a infância, puerícia
e mocidade, mas também a respeito do momento em que convém começar a ensinar
aos pequenos as letras. ...”(P.71 – último parágrafo)
“Veremos com mais detalhamento, quando nos
ocuparmos da constituição dos espaços dedicados a instrução da infância, que
será nesta espécie de laboratórios, onde emergirão e se aplicarão práticas
concretas que contribuirão para tornar
possível uma definição psicológica da infância”. ...(P.72 – 3º parágrafo)
“Será pois nestes espaços que começam as
graduações por idade, paralelamente a uma tutela cada vez mais individualizante:
‘Sejam todos quietos, modestos e bem cristãos, falem sem suas conversas de Deus ou de coisas dirigidas a seu serviço, procurem bons companheiros, ouçam missa todos os dias, confessem cada mês se for possível com o mesmo confessor, façam exame de consciência diário, tenham especial devoção cotidiana ao anjo da guarda, não entrem na escola com armas, não jurem juramente algum, não joguem jogos proibidos, sejam obedientes ao Reitor e a seus professores; e saibam que, por suas faltas, se são meninos serão castigados pelo corretor, e se são grandes serão repreendidos publicamente, e se não se emendarem expulsos com ignomínia da escola’.”. (p.72/73 – 4º parágrafo – citando Padre Nadal)
Imagem do vídeo Escola
X Fábrica
“...
A estas práticas educativas
familiares e institucionais junta-se uma vigilância multiforme dos jovens;
direção espiritual, imposição de uma linguagem pura e casta,...”.(P.73 – último
parágrafo)
Philippe Ariès
Historiador Francês
“ Um dos grandes méritos de Philippe Ariès é ter
demonstrado que, a infância, tal como a percebemos, começa-se a configurar
fundamentalmente a partir do século XVI...”.(P.74, 2º parágrafo)
“As artes plásticas revelam, segundo o mesmo
autor, que a nova percepção da criança está em principio ligada a icnografia
religiosa. ... a icnografia laica apresenta crianças misturadas com adultos em
cenas de festas e jogos...”. (P.74-75, último parágrafo da p.74)
Ariès ajuda-nos a compreender como se elabora
historicamente o estatuto de infância, contudo a perspectiva de análise e o
material que utiliza marcam a direção do seu trabalho. Relaciona a constituição
de infância com as classes sociais, com a emergência da família moderna, e com
uma série de práticas educativas aplicadas especialmente nos colégios. Mas relega a um segundo plano um tanto
longínquo as táticas empregadas no recolhimento e moralização dos meninos
pobres...”. (P. 75, último parágrafo)
A escola e a regulamentação da vida
A
partir de um certo período (...), e, em todo caso de uma forma definitiva e
imperativa a partir do fim do século XVII, uma mudança considerável alterou
o estado de coisas que acabo de analisar. Podemos
compreendê-la a partir de duas abordagens distintas. A escola substituiu a
aprendizagem como meio de educação. Isso quer dizer que a criança deixou de ser
misturada aos adultos e de aprender a vida diretamente, através de contato com
eles. A despeito das muitas reticências e retardamentos, a criança foi separada
dos adultos e mantida à distância numa espécie de quarentena, antes de ser
solta no mundo. Essa quarentena foi a escola, o colégio. Começou então, um
longo processo de enclausuramento das crianças ( como dos loucos, dos pobres e
das prostituas) que se estenderia até nossos dias e do qual se dá o nome de
escolarização’.”. (P.76 – citando Philippe Ariès)
“ As novas instituições fechadas, destinadas ao
recolhimento e instrução da juventude, que emergem a partir do século XVI (
colégios, albergues, casas prisões, casas de doutrina, casas de misericórdia,
hospícios, hospitais, seminários...) têm em comum esta funcionalidade
ordenadora, regulamentadora e sobretudo transformadora do espaço conventual.
Entretanto, interessa-nos particularmente ressaltar que este espaço fechado não
é em absoluto homogêneo. Em virtude da maior ou menor qualidade da natureza dos
educadores e reformadores, determinada por sua posição na pirâmide social, irão
diferir as disciplinas, flexibilizar os espaços, abrandar enfim os destinos dos
usuários...”. (P.76 – último parágrafo)
Michel Foucault Por Ele Mesmo – (Michel Foucault Par Lui Même)
Este novo estatuto de mestre enquanto autoridade
moral implica que, além de possuir conhecimentos, só ele tem as chaves de uma
correta interpretação da infância assim como do programa que os colegiais têm
de seguir para adquirir s comportamentos e os princípios que correspondem à sua
condição e idade”. (P.79, p.80 – 3ºparágrafo)
A escola não é somente um lugar de isolamento em
que se vai experimentar sobre uma grande parte da população infantil, métodos e
técnicas avalizados pelo professor, enquanto “especialista competente”, ou
melhor, declarado como tal por autoridades legitimadoras de seus saberes e
poderes; é também uma instituição social que emerge enfrentando outras formas
de socialização e de transmissão de saberes, as quais se verão relegadas e
desqualificadas por sua instauração”. (P.83)
Como é sabido, nesse processo, existiu uma
gradual desvalorização das outras “diferentes
e relativamente autônomas com relação ao poder político...”. (P.83 – 2º
parágrafo)
“A periculosidade social, prisma através do qual
a burguesia perceberá quase que exclusivamente, desde o século XIX, as classes
populares, servirá de cobertura a uma multiforme gama de intromissões
destinadas a destruir sua coesão assim como suas formas de parentesco
associadas pelos filantropos e reformadores sociais ao vício, à imoralidade e,
mais tarde, à degeneração. ...”. (P.86 – 1º parágrafo)
A educação das classes populares e, mais
concretamente, a instrução e formação sistemática de seus filhos na escola
nacional, fazem parte, na segunda metade do século XIX e em princípios do
século XX, das medidas gerais do bom governo: “...o
operário é pobre e é forçoso socorrê-lo e ajudá-lo; o operário é ignorante e
faz-se urgência instruí-lo e educá-lo; o operário tem instintos avessos, e não
há outro recurso senão moralizá-lo se queremos que as sociedades e os estados
tenham paz e harmoniza, saúde e prosperidade”. ( P.88 – citando P.P.
Monlaur) Eis aqui, em resumo, o programa político destinado a resolver a
questão social, a luta de classes, no interior da qual a educação ocupa um
papel primordial”.(P.88 – 2º parágrafo)
“A educação
do menino trabalhador não tem pois como objetivo principal ensiná-lo a mandar, senão
a obedecer, não pretende fazer dele um homem instruído e culto,...”. (P.90 – 1º
parágrafo)
“... Não se trata pois de uma simples reprodução,
mas, ao invés disso, de uma autêntica invenção da burguesia para civilizar
os filhos dos trabalhadores. Tal
violência, que não é exclusivamente simbólica, assenta-se num pretendido direito:
o direito de todos a educação”. (P.92 – último parágrafo)
Como é sabido, de acordo com Karl Marx, a submissão
das massas está relacionada a falta de conscientização de que são explorados. Sendo
assim, cabe a nós, professores e professoras a luta por uma escola justa, igualitária
e de qualidade para todos e todas, pois só a educação muda pessoas para que,estas,possam
transformar o mundo.
“Se a educação sozinha não pode transformar
a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”
Anisia Sampaio Nascimento/UERJ 2012
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“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.” Nise da Silveira
Bom dia a todos e todas.
ResponderExcluirAmo minha família! Por isso, sou, a Titia, irmã, cunhada, sobrinha, nora, prima, esposa, amiga..., mais feliz do mundo! Anisia Nascimento
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“Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer”.
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“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade”. Nise da Silveira
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“Para navegar contra a corrente são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão”.Nise da Silveira
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