quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

"A Internacional" como hino da URSS (legendada)

Estas são as estrofes da tradução russa da canção socialista "A Internacional" usadas como hino "de facto" da Rússia soviética e, posteriormente, da URSS entre o início de 1918 e 1944, quando foi adotado um novo hino nacional soviético. Eu traduzi a versão em russo por considerá-la não como a "Internacional" em si (que também tem versões em português), mas como uma espécie de hino novo empregado num contexto específico.

Arkadi Iakovlevich Kots traduziu a primeira, a segunda e a sexta estrofes do poema de Eugène Pottier escrito em 1871 (a melodia é de Pierre De Geyter, que a compôs em 1888) e as publicou em Londres em 1902. Em 1931, o mesmo autor traduziu as estrofes restantes, cujo texto completo foi publicado em 1937. Com a adoção do novo hino soviético em 1944, a canção se tornou o hino oficial do Partido Comunista soviético, e hoje é usada como hino do Partido Comunista da Federação Russa, do Partido Operário Comunista Russo - Partido Revolucionário dos Comunistas e da União da Juventude Comunista Revolucionária (bolchevique).

(Com informação da Wikipédia em russo e francês.)

Texto original:

1. Вставай, проклятьем заклеймённый, 
Весь мир голодных и рабов! 
Кипит наш разум возмущённый 
И в смертный бой вести готов. 
Весь мир насилья мы разрушим 
До основанья, а затем 
Мы наш, мы новый мир построим, — 
Кто был ничем, тот станет всем. 

REFRÃO (2x): 
Это есть наш последний 
И решительный бой; 
С Интернационалом 
Воспрянет род людской! 

2. Никто не даст нам избавленья: 
Ни бог, ни царь и ни герой. 
Добьёмся мы освобожденья 
Своею собственной рукой. 
Чтоб свергнуть гнёт рукой умелой, 
Отвоевать своё добро, — 
Вздувайте горн и куйте смело, 
Пока железо горячо! 

(REFRÃO) 

3. Лишь мы, работники всемирной 
Великой армии труда, 
Владеть землёй имеем право, 
Но паразиты — никогда! 
И если гром великий грянет 
Над сворой псов и палачей, — 
Для нас всё так же солнце станет 
Сиять огнём своих лучей. 

(REFRÃO)

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Umberto Eco in conversation with Paul Holdengräber

http://www.intelligencesquared.com/ev...


This conversation took place at Kensington Town Hall on 19th November 2011.

Speakers:

UMBERTO ECO: Italian semiotician, philosopher, literary critic and novelist

PAUL HOLDENGRÄBER: Director of LIVE from the New York Public Library where he has interviewed and hosted President Clinton, Norman Mailer, Spike Lee and Jay-Z

Event info:

CONSPIRACY, PARANOIA & THE NOVEL

A Conversation with Umberto Eco.

* Writing fiction about the real
* Exploring the persistence of conspiracies
* Adapting "The Name of the Rose" for the internet generation
* Grasping the infinity of lists
* Exploring the future of books
* Losing yourself in a 50,000-volume library

These are some of the topics Umberto Eco will be discussing with Paul Holdengräber, Director of LIVE at the New York Public Library.

Their wide-ranging conversation will in part focus on Eco's latest work of fiction, The Prague Cemetery. The book is an historical pseudo-reconstruction set in a 19th-century Europe teeming with secret service forgeries, Jesuit plots, murders and conspiracies, and covering everything from the unification of Italy, the Paris Commune, the Dreyfus Affair to The Protocols of the Elders of Zion. It has been criticised by both the Vatican-backed newspaper the Osservatore Romano and the Chief Rabbi of Rome.

Doctor Honoris Causa Umberto Eco

Acto de Investidura como Doctor Honoris Causa de Umberto Eco por la Universidad de Burgos.
TIEMPOS:
0:00:20 Entrada de los Doctores
0:01:33 Inicio Coro
0:05:00 Inicio del Acto
0:05:35 Intervención de José María García-Moreno, Secretario General de la Universidad
0:06:44 Entrada del Candidato
0:10:00 Intervención de Javier Peña, Padrino del Honoris Causa
0:34:20 Nombramiento Honoris Causa de Umberto Eco
0:41:00 Intervención de Umberto Eco, Honoris Causa
0:53:30 Coro y fragmento de "El nombre de la rosa"
0:55:39 Intervención de Alofonso Murillo, Rector de la Universidad.
1:13:05 Gaudeamus Igitur y final

O Admirável Umberto Eco - !932-2016 - Minha apresentação de slides

Umberto Eco

Consegna ufficiale dell’omaggio “La storia in un romanzo” Banca Popolare FriulAdria-Crédit Agricole a Umberto Eco. Lectio magistralis di Umberto Eco dal titolo Storia e letteratura. In collaborazione con èStoria. Sabato 20 settembre 2014, Teatro Verdi, Pordenone

Protocolos de Sábios de Sião

O CEMITÉRIO DE PRAGA LIVRO DE UMBERTO ECO

No cenário parisiense, em março de 1897, desenrola-se uma trama que também percorre os territórios de Turim e Palermo. Nestas paisagens circulam uma adepta do satanismo emocionalmente perturbada, um prior que já faleceu duas vezes, alguns corpos jogados no esgoto de Paris, Ippolito Nievo, um seguidor de Garibaldi, levado pelas águas do oceano perto do Stromboli, o falso documento que incriminaria o oficial francês Alfred Dreyfus como espião da embaixada alemã na Cidade Luz, a divulgação dos inverídicos Protocolos dos Sábios de Sião, fonte de inspiração de Hitler na criação dos campos de concentração.Resenha do livro de Umberto Eco, O CEMITÉRIO DE PRAGA, pelo professor de História Samir Lahoud. Videocast "O QUE ROLOU?" do dia 03/07/2014.

UMBERTO ECO: O BELO E O FEIO (HISTÓRIA DA BELEZA E HISTÓRIA DA FEIURA)

ECOS DE UMBERTO

ECOS DE UMBERTO: O escritor
italiano Umberto Eco, autor de vários best-sellers como “O Nome da
Rosa” e “O Pêndulo de Foucault”,
causou polêmica em recente palestra proferida na Universidade de Torino, quando
a...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Andre Rieu & 3 year old violinist, Akim Camara 2005

Andre Rieu introduces 3yr old violinist, Akim Camara, during his 'Flying Dutchman Concert' at Parkstad Stadium in the Nederlands (2004). Akim (born 27 October 2001 in Berlin-Marzahn) plays Concerto G Major op.11 with the Johan Strauss Orchestra.
NEWS:-
Akim Camara now has his own channel on YouTube. I recommend you go to his channel and see more recent performances by this talented young man.

Porta aberta para o Eu: uma entrevista com Nise da Silveira

Porta aberta para o Eu: uma entrevista com Nise da Silveira

Nise aos 87 anos, em março de 1991, quando me concedeu a entrevista. Foto de Leonardo Carneiro
Nise aos 87 anos, em março de 1991, quando me concedeu a entrevista. Foto de Leonardo Carneiro
Existem muitas pessoas com as quais podemos aprender alguma coisa, adquirir informações, aumentar nossa cultura. Há bem poucas, porém, cujo encontro nos engrandece de modo especial, nos faz sentir um secreto orgulho de partilharmos com elas a mesma condição humana, nos obriga a sermos mais exigentes em relação a nós mesmos (como se nos disséssemos: “E você, o que está fazendo?”). Nise da Silveira (Maceió, 15 de fevereiro de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1999) foi uma dessas pessoas raras. Grandeza como ser humano, enorme capacidade de doação, fina sensibilidade, vasta cultura, inesgotável força de trabalho: foram muitas as qualidades que fizeram dela essa pessoa especial.
Muito antes de Franco Basaglia ter iniciado, em Milão, seu movimento de reforma das instituições psiquiátricas, muito antes de R.D.Laing ter feito sua crítica radical da psiquiatria, Nise, na prática, já revolucionava a concepção de atendimento psiquiátrico. E isso em um dos lugares mais inóspitos: uma grande instituição pública (o Centro Psiquiátrico Pedro II), no modorrento e preconceituoso Brasil do final dos anos 1940. Pois foi em 1946 que Nise, confiando unicamente em sua própria intuição, criou, no hospital, uma seção de terapia ocupacional, que englobava 17 tipos de atividades. Logo as modalidades mais diretamente expressivas (pintura e modelagem) passaram a influenciar de maneira tão marcante a condição daqueles internos, diagnosticados como psicóticos, que Nise percebeu a necessidade de criar um museu para acolher a fantástica produção e permitir ao terapeuta acompanhar, por meio dela, a evolução dos casos clínicos. Assim nasceu, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente.
Mas Nise não parou nisso. Queria compreender, em profundidade, o significado daquelas imagens poderosas, pois percebia que essa era a porta que dava acesso ao fechado mundo interior dos psicóticos. Neurologista por formação, não encontrou na psiquiatria tradicional a chave que procurava. Esta lhe foi propiciada pela descoberta da psicologia junguiana e pelo encontro pessoal com o própria Jung. Percebemos o quanto ela esquadrinhou aquele misterioso mundo interior lendo seu livro Imagens do Inconsciente,onde a extraordinária profundidade das observações se combina com a elegância e a agilidade da linguagem.
Outra frente de trabalho foi a Casa das Palmeiras, fundada em 1956, para acolher psicóticos em regime de externato. Nise queria arrancar aquelas pessoas do círculo vicioso da “alta e reinternação” (as recaídas chegam a 80% nas instituições psiquiátricas convencionais). Quando foi aposentada da direção do museu, em 1975, Nise retornou no dia seguinte, com um caderninho debaixo do braço, inscrevendo-se como estagiária. São essas coisas que fizeram dela uma pessoa tão rara.
Em março de 1991, quando estava com 87 anos, Nise concedeu-me esta entrevista, em seu apartamento no Rio de Janeiro. Seu ritmo de atividade na época ainda era intenso. Ela acabara de redigir o segundo volume de Imagens do Inconsciente. Pouco antes, concluíra a redação de Cartas a Spinoza. Sempre às voltas com grupos de trabalho, documentários e exposições, reunia, todas as quartas-feiras, o Grupo de Estudos Carl Gustav Jung, dedicado à investigação em profundidade da obra do grande psicanalista suíço. Uma vez por mês, um grande número de pessoas se encontrava no Circo Voador, no Rio, para conversar com Nise, no que ficou conhecido como “O chá da doutora”. E, vez ou outra, ela ocupava nas páginas da imprensa carioca, liderando movimentos como a oposição à cruel “farra do boi catarinense”. Para Nise, esta era uma tradição abominável: ela não se limitava a interpretá-la; agia para suprimi-la: o mesmo amor e compaixão que dedicara durante tantos anos aos psicóticos, estendia também aos animais. Foi em seu escritório, forrado de livros e povoado de gatos, que ela conversou durante um bom tempo comigo.
JTA – Jung iniciou suas Memórias com a frase “Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou”. Nesta altura da vida, a senhora considera que seus desígnios mais profundos também foram cumpridos?
Nise – Não completamente. Jung foi uma pessoa muito especial e alcançou a plena realização do inconsciente. Eu não consegui. Os atropelos do meu ego e de outros egos perturbaram essa realização, que, para mim, é a meta suprema do ser humano. Mas continuo me esforçando nesse sentido. Não tem importância a idade, como não teve importância a aposentadoria. Fui aposentada pela “compulsória” e, no dia seguinte, já estava de volta ao trabalho. Depois das Memórias, que escreveu aos 83 anos, Jung ainda produziu muita coisa, até morrer, aos 87.
JTA – Como a senhora entende essa realização?
Nise – Eu a entendo no sentido de “individuação”. O indivíduo somente se completa quando consegue integrar o inconsciente e o mundo exterior. Nesse processo, as forças do inconsciente são as principais. Não estou dizendo que o exterior deva ser negligenciado. Mas o que notamos, hoje, é que a grande maioria das pessoas só se preocupa com o exterior. Eu me dirigi, desde muito cedo, a tentar “abrir a porta que liga o real ao mundo interno”, para repetirmos a frase de Artaud. Essa é a paixão de meu trabalho, o que o caracteriza. Mas não é tão fácil entrar no mundo que existe por trás dessa “porta”. Foi difícil principalmente com os psicóticos, que não se exprimem através da linguagem proposicional. Eles se exprimem muito mais através de imagens. Então, meu caminho, foi reunir imagens configuradas pelos indivíduos que estavam do outro lado da “porta”. Reunir as imagens em séries e estudá-las. Meu trabalho foi quase todo feito seguindo esse caminho.
JTA – Esse rastreamento de séries também foi feito por Jung no estudo dos sonhos, não é mesmo?
Nise – Sim. A análise de um único sonho não vale nada. É preciso seguir séries de sonhos. Como é preciso seguir séries de imagens. No psicótico, torna-se ainda mais difícil encontrar o fio condutor entre imagens que são praticamente autorretratos do processo interior. Esse fio muitas vezes desaparece, para aparecer dez imagens depois. Essas viagens interiores me apaixonam. Elas são realmente fascinantes. Levam muito longe. Às vezes, até às camadas mais profundas do inconsciente. Às vezes, chegam até ao Paleolítico. É claro que não quero ficar com meu paciente no Paleolítico: meu objetivo é trazê-lo de volta. Agora, para isso, é preciso conhecer, antes de tudo, os parâmetros elementares de tempo e espaço sob os quais o indivíduo está vivendo. Esse é um pressuposto para se poder dialogar. E o fio condutor das imagens nos ajuda a encontrar o caminho de volta. As imagens são como as bolinhas de pão, da história de João e Maria, que ajudam a encontrar o caminho na floresta. Mas veja: essa procura interna não está absolutamente em contradição com a melhoria do status do indivíduo que vivia nessas “masmorras”.
JTA – Aliás, a conciliação desses dois aspectos é uma das características importantes do seu trabalho.
Nise – O indivíduo voltará muito mais facilmente, se encontrar as condições bem assentadas. A Casa das Palmeiras, com suas portas e janelas abertas, tem esse objetivo. O indivíduo pode sair. Médicos e enfermeiras não são uniformizados. Isso é importante porque essa persona do técnico o separa muito do indivíduo. Este fica pensando: “eu sou o doente; ali está o médico”. Estou de pleno acordo com as ideias de Basaglia de modificação das instituições psiquiátricas. Essas instituições ainda são, como eu disse, verdadeiras “masmorras”. Quando fundei com amigos a Casa das Palmeiras, em 1956, nosso objetivo era que os egressos, pessoas que viveram experiências internas dramáticas, não entrassem de chofre neste mundo tumultuado. Esse objetivo persiste até hoje. Então, para mim, não é novidade oferecer aos indivíduos condições de vida mais razoáveis. A Casa das Palmeiras foi fundada em 1956, mas pensada muitos anos antes. Não queríamos que seu nome sugerisse a ideia de doença, daí o nome Casa das Palmeiras, dado por uma amiga minha, artista plástica.
JTA – Por falar nisso, reparei que a senhora nunca usa as palavras “doente” ou “paciente”. A senhora sempre os chama de “indivíduos”.
Nise – A palavra “paciente”, em especial, é horrível. Ela sugere uma atitude totalmente passiva da parte da pessoa. Também não acho que se deva caracterizar suas condições como “doença”. Eu gosto muito da expressão de Artaud, que se refere a essas condições como “estados perigosos do ser”.
JTA – Em que medida os conteúdos do seu próprio inconsciente influenciaram seu trabalho?
Nise – Foram uma fonte permanente de inspiração. Eu não poderia valorizar algo que me fosse estranho – embora não tenha conseguido a intimidade com os conteúdos do inconsciente que Jung conseguiu. O importante foi harmonizar o interior e o exterior. Se os conteúdos do inconsciente tomam conta do ego você está perdido. É o que geralmente se chama de “surto psicótico”: uma ressaca de conteúdos do inconsciente que avassala o ego. Quando isso acontece, o que faz a psiquiatria tradicional? Dá neurolépticos, o que equivale a colocar uma tampa sobre esses conteúdos.
JTA – Em sua opinião, os neurolépticos nunca devem ser usados?
Nise – Devem ser usados inteligentemente. No momento em que as ondas mais altas da ressaca se levantam e perturbam de forma insuportável a psique. Nós observamos que, depois do uso prolongado de neurolépticos, a produção de imagens se torna muito mais pobre. A utilização de neurolépticos acaba sendo uma solução cômoda apenas para médicos e enfermeiras. A pessoa que faz contato com o inconsciente – mas não está sendo aturdida – dialoga com seus conteúdos. Os desenhos livres são verdadeiros autorretratos desse processo. Naturalmente, acontecem muito mais coisas do que os desenhos podem expressar. A psique é um mar imenso, um enorme pedaço da natureza. Meu livroImagens do Inconsciente estuda esse percurso. Você acompanha, por meio da pintura, a perturbação do espaço.
JTA – A arte contemporânea também apresenta essa perturbação do espaço. Aliás é uma de suas características mais marcantes. É possível diferenciar a pintura de um artista contemporâneo da pintura de um psicótico talentoso, como muitos com os quais a senhora trabalhou?
Nise – De fato, a arte moderna revolucionou a concepção de espaço. É o caso do Escher, por exemplo. Ele exprime toda essa subversão do espaço. Mas tem a passagem de volta no bolso. Já o indivíduo que vive em um estado perigoso do ser não encontra essa passagem. Ele busca essa volta ao espaço cotidiano, mas não consegue. O afeto é a grande ponte que traz o indivíduo do tumulto interior para o mundo real. Fernando Diniz encontrou esse afeto na pessoa de uma monitora. Agora, esse encontro é geralmente trágico para o indivíduo, porque a pessoa que ele ama quer ajudá-lo, mas não o ama. Muitas vezes até por medo de si própria. Então, é terrível a condição de um indivíduo que sai da situação psicótica e quer ter uma vida normal, mas não é correspondido.
JTA – A discriminação é muito grande não é?
Nise – Até nas famílias ela acontece. Um indivíduo me contou que, quando ia beber água, a mãe corria para servi-lo. Ele me disse que, na verdade, ela temia que ele quebrasse a moringa na cabeça dela.
JTA – A senhora comparou a psique a um mar imenso. O que seria o ego nessa paisagem?
Nise – O ego é uma pequena ilha. O perigo é o mar, na ressaca brava, submergir a ilha. Aí ocorre a tragédia. Tanto que, na Casa das Palmeiras, trabalhamos também no sentido de fortalecer o ego. Para isso, criamos grupos de discussão de problemas atuais, temos um jornal feito pelas próprias pessoas.
JTA – Laing empregou uma metáfora muito parecida com essa do mar e da ilha. Ele disse que o místico e o psicótico se encontram no mesmo oceano, mas o místico nada, enquanto o psicótico se afoga. A força do ego seria, então, o grande diferencial? Estou pensando em um caso, descrito em seu livro Imagens do Inconsciente, que me impressionou muito: o do Carlos, que teve a visão cósmica do “Planetário de Deus”, e enlouqueceu. Depois, a senhora soube que essa mesma visão havia despertado os dons do grande místico Jacob Boheme…
Nise – Não foi exatamente a mesma visão. Foi uma visão equivalente. Carlos estava fazendo a barba e, de repente, teve uma visão no espelho. Imediatamente começou a gritar: “Venham ver o planetário de Deus”. E o trancafiaram em um hospício. Boheme, que também era sapateiro como Carlos, teve a visão geral do mundo quando um raio de sol bateu no prato de estanho em que comia. No caso de Carlos, houve uma grande fragilidade do ego, que não lhe permitiu suportar a intensidade da experiência. A mitologia está cheia de casos semelhantes. Já em Jacob Boheme, o ego teve força suficiente para aguentar a experiência de Deus, que, segundo os místicos, tem a energia de mil sóis.
JTA – O que aconteceu depois com Carlos?
Nise – Ele morreu no hospital com mais ou menos sessenta anos. Durante trinta anos de pintura, realizou 21.500 obras. Fazia de cinco a sete trabalhos por dia.
JTA – Voltando à “experiência de Deus”. Ela é interpretada como patológica pela escola freudiana. Recentemente, no entanto, Stanislav Grof inverteu essa formulação: para ele, ao contrário, é a visão materialista ateia que representa a privação de uma dimensão essencial do ser humano. Como a senhora se posiciona em relação a este tema?
Nise – Jung considerava a religião uma função da psique. Como tal, tem que ser vivida. Se você nega qualquer função psíquica, você se mutila. Não se trata desta ou daquela religião, mas da religião vista de maneira ampla. Quando a religião é negada, muitas vezes a própria ideologia se torna religião. Justamente porque, sendo uma função psíquica, esta tende a se expressar. Freud foi de uma importância extraordinário, mas, filosoficamente, era cartesiano. Jung estava muito além. Isso é o que leva autores como Capra a considerá-lo um ponto de mutação da concepção cartesiana para a concepção contemporânea. Aliás, o encontro de Jung com a física quântica foi importantíssimo.
JTA – E seu encontro com Jung, como foi?
Nise – Meu encontro com Jung foi inicialmente empírico. Eu queria entender as mensagens do inconsciente através das imagens. Os instrumentos que eu tinha à mão eram os da psiquiatria tradicional. E eles não davam conta do que eu estava buscando. Começaram a aparecer dúvidas e mais dúvidas. Quando descobri a teoria junguiana, ela foi como uma chave para mim. Em 1957, estive em Zurique e falei a Jung da minha insatisfação com o trabalho psiquiátrico. Para minha surpresa, ele me perguntou: “Você estuda mitologia”? Respondi que só conhecia a mitologia por meio da literatura. Aí, ele disse: “Se você não estudar mitologia não entenderá nunca nem as imagens nem os delírios de seus doentes”. Quando voltei ao Brasil, deparei-me com uma das minhas internas, Adelina, que queria virar flor. Era a reprodução do mito de Dafne.
JTA – Jung, sem dúvida, foi uma influência decisiva em sua trajetória. Quais foram as outras grandes influências?
Nise – Foram muitas. A começar de casa, com meu pai e minha mãe. Depois minha mestra do primário, uma freira francesa, Cecília. Na faculdade de medicina, sinceramente, nenhum professor me impressionou. Encontrei, sim, mestres na filosofia: tenho um encanto especial por Spinoza…
JTA – Eu observei, aliás, que em sua biblioteca há uma prateleira inteira dedicada a Spinoza.
Nise – É verdade. Escrevi, recentemente, um pouco brincando, o que chamei de Cartas a Spinoza. Dirijo-me a ele como se fosse um amigo… Continuando com as influências, há, é claro, Freud e Jung. Dos mais modernos, devo citar Laing, que considero o maior psiquiatra. Ele viu o social, mas também o processo interno. Artaud também me deu muito de minha concepção psiquiátrica.
JTA – Por falar nas Cartas a Spinoza, sabemos que, além desse texto, a senhora estava mergulhada em um trabalho de grande fôlego, a redação do segundo volume de Imagens do Inconsciente. E ainda arranja tempo e disposição para se envolver de corpo e alma nessa luta contra a “farra do boi catarinense”, tendo inclusive escrito um pequeno livro a respeito…
Nise – Estou engajadíssima nessa movimento contra a “farra do boi”. Sou muito ligada aos animais. Inclusive, desde 1955, admitimos a presença de animais no Instituto Psiquiátrico. Foi uma coisa muito criticada e incompreendida na época. Mas veja, no caso de Carlos, por exemplo, o cão era a ponte que o ligava à realidade exterior. A linguagem de Carlos era agramatical, cheia de neologismos, de difícil compreensão; sua comunicação com o cachorro, porém, era total. Uma vez, quando o cachorro se feriu, Carlos afirmou, num português muito claro e correto, que precisava de dinheiro para comprar remédio para o cachorro. Sem exagero, pode-se dizer que os terapeutas de Carlos foram os cães Sultão e Sertanejo; médicos e monitores desempenharam papel auxiliar. Tenho quatro gatos comigo. Já tive muito mais. Eles são silenciosos e me auxiliam no trabalho. Os gatos são os meus mestres.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Grandes Filósofos - Ludwig Wittgenstein - Canal a

PHILOSOPHY - Ludwig Wittgenstein

Ludwig Wittgenstein was a philosopher obsessed with the difficulties of language, who wanted to help us find a way out of some of the muddles we get into with words. Please subscribe here: http://tinyurl.com/o28mut7

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Inspired by an essay by David Edmonds.

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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Anisia Nascimento - educação: Anisia Nascimento: Serviço Social: Trabalho Infant...

Anisia Nascimento - educação: Anisia Nascimento: Serviço Social: Trabalho Infant...: Anisia Nascimento: Serviço Social: Trabalho Infantil - O outro Lado d... : Serviço Social: Trabalho Infantil - O outro Lado da Infância

Anisia Nascimento - educação: Anisia Nascimento: Serviço Social: Trabalho Infant...

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Vem seguir este blog.

Ludwig Wittgenstein

Filósofo austríaco, Ludwig Wittgenstein nasceu a 26 de abril de 1889 em Viena (Áustria) e faleceu a 29 de abril de 1951, em Cambridge (Inglaterra). 
De origens abastadas, Wittgenstein estudou Engenharia na Alemanha e em Inglaterra, mas logo se interessou pelos fundamentos da matemática, o que o levou a estudar Filosofia na Universidade de Cambridge. 
O estalar da Primeira Guerra Mundial fez com que Wittgenstein se alistasse no Exército Austríaco, época em que escreveu muito do que viria a ser a sua única obra publicada em vida, o Tractatus Logico-Philosophicus (1922), que lhe valeu um doutoramento, mais tarde, e uma legitimação da sua qualidade como filósofo.
Após ter trabalhado como professor numa escola de província na Áustria, Wittgenstein regressou à Universidade de Cambridge, em 1929, como professor, época em que escreveu toda a sua obra que apenas viria a ser publicada após a morte.
Wittgenstein abordou muitas questões essenciais sobre a linguagem e sobre o significado, imortalizadas nas máximas: 

«Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo.»
«O significado de uma palavra refere-se apenas ao uso que lhe é atribuído em determinado jogo de linguagem.»
«Ao buscar o sentido de uma palavra, não olhem para dentro de vós. Olhem para a utilização dessa palavra no contexto da vossa vida.»
«A filosofia é apenas um produto da incompreensão da linguagem.»

Sendo uma das figuras mais influentes na filosofia inglesa, produziu o sistema original da filosofia da linguagem. Defendia inicialmente que as palavras representam coisas, segundo acordo social. No entanto, acabou por rejeitar essa ideia. Passou a acreditar que o uso era mais importante do que a convenção. Mais tarde, começou a ter uma visão antropológica da linguagem, defendendo que as palavras são utilizadas de acordo com as diferentes regras das várias atividades humanas.
Philosophical Investigations (1953)outro dos seus trabalhos, postumamente publicados, aborda as relações entre a lógica e a linguagem.
Discípulo de B. Russel e amigo de Gottlob Frege, Wittgstein tornou-se num dos maiores génios do século XX e um dos nomes mais reputados da filosofia da linguagem, da lógica e da matemática .
Como referenciar: in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-02-14 13:33:51]. Disponível na Internet: 

Português - Fato, opinião e tipos de discursos direto, indireto e indire...

5- Fatos e Opiniões

4- Postulados da Ontologia da Linguagem

3- Linguagem como Geradora

2- Wittgenstein - Jogos de linguagem

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Filosofia Hoje: LUDWIG WITTGENSTEIN: AFORISMOS SOBRE O JOGO DE LIN...

Filosofia Hoje: LUDWIG WITTGENSTEIN: AFORISMOS SOBRE O JOGO DE LIN...: Título: LUDWIG WITTGENSTEIN: AFORISMOS SOBRE O JOGO DE LINGUAGEM Autor: FABIO GOULART PORTO ALEGRE, 2010. *** Abstrac...

Ludwig Wittgenstein e o Jogo de Linguagem

Este é um breve estudo introdutório ao conceito de jogo de linguagem de Ludwig Wittgenstein preparado para alunos do Ensino Médio, conceito chave não somente dentro do pensamento deste filósofo, mas também para toda filosofia da linguagem e para a filosofia geral contemporânea. Após leitura e reflexão feita sobre os textos originais de Wittgenstein me apoiei ao aforismo §65 do livro Da Certeza para alicerçar a ideia central de que através da linguagem, mais precisamente através da filosofia oriunda desta linguagem, é possível transcendermos os limites que estamos acostumados a observar nos objetos e nos significados tradicionais das palavras.

Palavras chave: Wittgenstein , jogo de linguagem, Significado.

Para ler o artigo completo clique no link http://www.filosofiahoje.com/2011/09/... 

***REPOST***
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Link do canal da Música do fundo:
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You Tube: http://www.youtube.com/user/Filosofia... (vc está por aqui hehehe) 
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-Vídeo do Vlog 100% original
-Música original minha e da minha banda disponível em http://www.youtube.com/watch?v=DrWvel...
***Tudo sob licença padrão do YouTube.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Umberto Eco - La función de las Universidades hoy

Universidad Nacional del Sur - Dirección de Medios Audiovisuales

Umberto Eco
La función de las Universidades hoy
"¿Perche le università oggi?" 

Conferencia brindada el 26 de marzo de 2014 desde Milán, a través del sistema de videoconferencia y organizada por la Federación de Entidades Italianas de La Pampa, en enlace con la Universidad Nacional de La Pampa, la Università degli Studi di Milano, y con participación de la UNS y la Università per Stranieri di Siena.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Umberto Eco in Normale, Riflessioni sulla traduzione - 16 maggio 2003

I Venerdì del Direttore - 16 maggio 2003
Umberto Eco, Scrittore
Riflessioni sulla traduzione

Nato ad Alessandria il 5 gennaio 1932, Umberto Eco si è laureato in filosofia nel 1954 presso l'Università degli Studi di Torino, con una tesi di laurea sull'estetica di Tomaso d'Aquino. Nel 1954 inizia un lungo percorso professionale che lo porta prima ad essere editor per i programmi culturali della Rai, fino al 1958, quindi editor per la casa editrice Bompiani, fino al 1975, iniziando contestualmente un'intensa collaborazione giornalistica con quotidiani e periodici quali La Stampa, Corriere della Sera, Repubblica o L'Espresso, con il quale ancora oggi collabora curando la famosa "Bustina di Minerva".
Nel 1975 diviene ordinario di semiotica all'Università di Bologna imponendosi nel corso degli anni come uno dei punti di riferimento della materia su scala mondiale. Pubblica, infatti, più di trenta opere saggistiche, tradotte in varie lingue, tra cui, per citare solo le più note, La struttura assente (1968), Trattato di semiotica generale (1975), Semiotica e filosofia del linguaggio (1984), I limiti dell'interpretazione (1990), Sei passeggiate nei boschi narrativi (1994).
La sua intensa attività accademica si è sviluppata all'estero come visiting professor presso le istituzioni universitarie più prestigiose del mondo, New York University, Columbia University, Yale University, Cambridge University, Oxford University. Ha inoltre avuto una collaborazione assidua con il College de France e l'École Normale Supérieure di Parigi, con la Harvard University, ove ha tenuto le Norton Lectures nel 1992/1993, con l'Università di Toronto, ove nel 1998 ha tenuto le Goggio Lectures. Tra il 1985 ed il 2002 ha ricevuto 30 lauree honoris causa da Università quali quelle di Mosca, New York, Parigi, Atene, Montreal, Gerusalemme, Siena. E' honorary fellow del Kellogg College, Oxford University.
Dal 1999 è presidente della Scuola Superiore di Studi Umanistici di Bologna e dal 2002 Presidente del Consiglio Scientifico dell'Istituto italiano di Studi umanistici.
All'età di 46 anni, già affermatosi come uno dei pensatori più brillanti nel campo della semiotica, inizia la sua attività di romanziere con Il nome della Rosa (1980), opera tradotta in più di 40 lingue straniere e che gli vale il Premio Strega 1981. Tre i romanzi successivi, anch'essi di enorme successo di critica e pubblico: Il Pendolo di Foucault (1988), L'isola del giorno prima (1994) e Baudolino (2000).
Tra i premi letterari internazionali annovera il Mashall McLuhan Award (1985), l'Austrian State Award for European Literature (2002) ed il Prix Mediterraneé Etranger (2002). Tra le onorificenze: Commandeur de l'Ordre des Arts et des Lettre (1985), Chevalier de la Legion d'Honneur (1993) e Cavaliere di Gran Croce al merito della Repubblica Italiana.